Endurance. Em bom português, "Resistência, paciência". O nome do navio naufragado há mais de um século sob as águas do Polo Sul, nunca foi tão apropriado quanto agora, após ser finalmente encontrado pela expedição Endurance22, feita em fevereiro deste ano, provocando uma grande agitação no mundo náutico.
Mas, a história do Endurance - que é uma das mais incríveis dos mares - começou lá atrás, quando o explorador britânico Ernest Shackleton e sua tripulação de 27 homens decidiram partir em 1915 rumo ao Mar de Wedell, na Antártica. O objetivo era atravessar o continente de mar a mar, passando pelo polo, uma vez que outro famoso explorador, Roald Amundsen, já tinha sido o primeiro navegador a chegar ao Polo Sul, em 1911.
Shackleton preparou a Expedição Transantártica Imperial (1914–17), mas infelizmente não conseguiu conclui-la, pois o Endurance ficou preso no gelo antes da tripulação conseguir desembarcar, posteriormente, naufragando. A expedição se tornou, então, uma missão de sobrevivência da tripulação, que acampou durante meses e acabou se refugiando na inóspita ilha Elefante — foi a primeira vez que haviam chegado a terra firme em 497 dias. De lá, Shackleton e outros cinco tripulantes entraram em um dos botes e navegaram até a Geórgia do Sul. Ao chegar, atravessaram a ilha a pé até um entreposto, onde encontraram providencial ajuda: o rebocador Yelcho, que os levou de volta, em agosto de 1916, para os 22 homens restantes, 24 meses e 22 dias depois de iniciada a expedição.
A embarcação de madeira, 44 metros e três mastros, que afundou no dia 21 de novembro de 1915, foi encontrada a 3.008 metros de profundidade em fevereiro de 2022, 107 anos depois.
Além do feito de localizar o naufrágio, a expedição teve mais uma surpresa: encontrá-lo em ótimas condições, com boa parte da sua estrutura preservada em função da água muito gelada, imprópria para a sobrevivência de microrganismos.
"Este é um marco na história polar. No entanto, não é tudo sobre o passado; estamos trazendo a história de Shackleton e Endurance para novos públicos e para a próxima geração, a quem será confiada a proteção essencial de nossas regiões polares e de nosso planeta”, disse Mensun Bound, Diretor de Exploração da expedição.
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