Há quem pense que velejar é apenas um "barquinho a deslizar no horizonte", mas a verdade é que boa parte dos velejadores querem mesmo é um bom desafio em que se possa ir além do já conhecido. Uma das provas dessa máxima, é a Regata Sergipe-Bahia (RESEBA), que acontece no dia 22 de novembro deste ano, e que indo na "contramão" da navegação convencional, segue traçando uma rota diferente e de cada vez mais sucesso no coração dos velejadores de todo o Brasil.
Para saber mais sobre o evento, o Site Mar Bahia conversou com um dos idealizadores da RESEBA, o velejador baiano Tiago Gonzalez. Com mais de 40 anos de vida na vela, sergipano de coração, ele é instrutor e
gestor esportivo certificado pela CBVELA. Tiago é também fundador do Grupo Barlavento, que há oito anos forma velejadores e organiza eventos náuticos em Aracaju, além de criador da flotilha Sergipana de Day Sailer, com 21 veleiros (entre as três maiores do país).
MAR BAHIA - Uma regata que ainda é tão recente vem conseguindo uma projeção importante no cenário náutico nacional. Fale um pouco como nasceu a ideia da RESEBA e como tem sido a evolução desse projeto nesses últimos dois anos?
TIAGO GONZALEZ– O crescimento da flotilha de oceano sergipana nos levou até a Bahia de uma forma mais frequente, pois a maioria dos veleiros que integram nossa flotilha vieram dos clubes e marinas baianos, como AIC, Angra, Saveiro, Marina Aratu, dentre outros. A subida desses veleiros criou uma certa rotina para um grupo de velejadores daqui, que fez e continua fazendo o trajeto da BTS pra Aracaju, entrando nas barras do Vaza Barris e Rio Sergipe.
Conhecer essas barras foi fundamental nesse processo. Além das comunidades de pesca locais, tivemos um grande conhecedor dessas barras que tornou esse fluxo possível, que é o João Ricardo de Magalhães. E estamos falando de uma travessia que é justamente o caminho inverso da RESEBA!
Ano passado, numa conversa de varanda de marina, um desses velejadores levantou a ideia: “E se a gente organizasse uma regata de Aracaju até Salvador? Aproveitando a condição de vento favorável do verão pra “descida”, e na sequência aproveitamos a estação na Baía de Todos os Santos, e ainda participamos da regata de Garapuá?!”.
Imediatamente busquei o apoio do Aratu Iate Clube, através dos amigos Lúcio Bahia e André Costa, e do Iate Clube de Aracaju, via comodoro Eugênio Sobral. Ambos os clubes abraçaram o projeto, o que tornou a regata viável e respaldou o trabalho da organização. Um outro fator de sucesso da regata é o cuidado com a data, pois buscamos sua inclusão no calendário da vela nacional de forma a complementar outros eventos tradicionais, e não conflitar com outras regatas. A RESEBA pode contemplar veleiros de todo país, participantes ou não da REFENO.
MB – Uma curiosidade da RESEBA é colocar Sergipe na rota de desenvolvimento e visibilidade de competições náuticas. De que forma um evento como esse consegue atrair velejadores de outros estados, sobretudo em trechos considerados de difícil navegação, como o Rio Vaza Barris?
TG – O desafio foi enorme. Quebrar esse mito de que embarcações de médio e grande porte não navegam nos rios de Sergipe tem sido nossa principal meta. A chegada dos veleiros da flotilha local já começou a chamar a atenção de velejadores de outros estados. Na REFENO de 2023, realizamos duas manobras de resgate e apoio a veleiros de fora, no caso o Diadorim (BB36) e o Minina (Mini), que entraram em segurança no Rio Sergipe com apoio dos velejadores sergipanos.
Eu destacaria também a confiança de velejadores que participaram da primeira edição, como o Marujos, o DysDobre, o Orion, dentre outros, que acreditaram no projeto, confiaram na organização, e participaram da regata, mostrando para todos os velejadores do país que Sergipe está sim no mapa da vela.
Depois da 1ª RESEBA, tivemos o prazer de receber aqui em Aracaju vários veleiros de fora, mostrando que a regata cumpriu com seu papel. Tanto o Rio Sergipe quanto o Vaza Barris são perfeitamente navegáveis. Realizamos a RESEBA no Rio Sergipe devido às facilidades da barra, que é mais profunda e sofre menos oscilações do canal de entrada, além de não haver ponte até o fundeio. O Vaza Barris possui uma ponte com limite de 19m na maré baixa, o que limita alguns veleiros de grande porte, apesar de ser a base da flotilha sergipana de oceano.
MB - A edição de 2024 homenageia o velejador baiano Nelito Taboada, comandante do lendário veleiro Odara. Como foi esse processo de escolha?
TG – O comitê de organização da RESEBA é formado por mim e mais 3 integrantes:
Rodrigo Freitas, João Ricardo e Fred Silva. Entramos num consenso de que o homenageado de cada ano deveria ser alguém com história marcante na vela, baiana, sergipana ou nacional, e que fosse uma homenagem em vida.
Conversamos muito com o comodoro do AIC, Lúcio Bahia, e com o Capitão da FVOBA, Maurício Sachi, e surgiu a ideia do Nelito Taboada, que despensa apresentações. Devido às questões de saúde do Nelito, procuramos seu filho, Leo Taboada, que nos recebeu na casa da família em março deste ano, quando formalizamos o convite. Ficamos muito felizes em poder homenagear um nome que fez história na vela, e ainda contar com a presença do lendário veleiro Odara na regata! Será uma grande honra!
MB – Qual o percurso da regata e o tempo estimado para que os veleiros concluam a navegação?
TG – A largada será no trecho da costa do litoral de Aracaju, região da Atalaia, com percurso até a entrada da Baía de Todos os Santos, tendo a CR de chegada montada em frente ao Yacht Clube da Bahia. São 160 milhas náuticas de navegação costeira, e os veleiros devem concluir o percurso no tempo de 18h a 30h, dependendo da embarcação. Ano passado, o Fita-Azul Marujos fez em 19h, e acreditamos que este ano teremos um novo recorde! Aproveito para agradecer ao YCB, na figura do Luis Eduardo Pato, pelo apoio na estrutura da linha de chegada desde a primeira edição, além de Agatha Wicks e Tata Mott, da Ellas Eventos Náuticos, pela parceria e por acreditarem no projeto da regata..
MB – Quantos barcos participaram da edição 2023 e qual a expectativa para este ano?
TG – Ano passado tivemos 12 inscritos, de 3 estados, e 11 participantes. Para este ano, já temos 25 inscritos, com possibilidade de chegamos a 30 veleiros, de diversos estados.
MB – Sendo uma regata que liga dois estados, a programação da RESEBA também é dividida entre ambos. Fale um pouco sobre como será cada etapa entre as cidades-sede.
TG – Iniciaremos a agenda de eventos este mês, dia 19/10, sábado, com uma Ação Ambiental em parceria com a Marinha e a DESO (patrocinadora), reunindo veleiros e velejadores no Vaza Barris para limpeza de praias da região. Teremos os seguintes eventos:
Em Aracaju/SE:
• 19nov, sábado – Lançamento e cerimônia de abertura da 2ª RESEBA no ICAJU.
• 21nov, quinta – Reunião de comandantes no ICAJU.
• 22nov, sexta – Largada da 2ª RESEBA às 9h.
Em Simões Filho/BA:
• 23nov, sábado – Sunset de Boas-Vindas no AIC.
• 24nov, domingo – Premiação da regata com Buffet do Outback às 10h no AIC.
MB – Deixa o seu convite para os velejadores que desejarem participar, assim como o link das inscrições e mais informações sobre a RESEBA.
TG – Todo comitê de organização, o ICAJU e AIC convidam velejadores da Bahia, Sergipe e de todo o Brasil para visitarem Aracaju e participarem da Regata Sergipe-Bahia, velejando num dos trechos mais paradisíacos de nossa costa, com ventos favoráveis. Venham descobrir que Sergipe é um ponto de apoio para velejadores de todo o país, e que receberemos a todos de braços abertos, oferecendo todo o suporte na entrada e saída das barras.
Acompanhe a RESEBA:
Perfil Regata: https://www.instagram.com/sergipebahia
AR e Inscrição: https://linktr.ee/barlaventoconsultoria
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