Às vésperas de completar 50 anos, a Regata Aratu-Maragojipe não desaponta quando a motivação é ir para o mar e poder fazer parte de um dos mais bonitos espetáculos a bordo. Velas coloridas, competições acirradas, cenários deslumbrantes e centenas de embarcações de todos os tipos, que se reúnem em torno de um evento único.
À convite da organização do evento, navegamos por todo o percurso da regata, desde a saída no Canal de Aratu, passando pela Baia de Todos os Santos, Rio Paraguaçu e Rio Guaí, que banha Maragojipe e é o destino final da competição, após cerca de 30 milhas. Singrar pelas águas da Bahia, sobretudo nestes trechos, nos dá um bom recorte do cotidiano, da história da Bahia e das transformações que estes cenários vão passando ao longo do tempo. Fábricas a pleno vapor, marisqueiros, pescadores, marinas em contínua expansão, praias calmas, estaleiros fantasmas, ilhas deslumbrantes, camarotes, casarões seculares abandonados e uma maré que vai nos embalando lentamente do mar para o rio, em uma transição que até poderia passar despercebida, se não fosse a entrada em uma região com características únicas, como o Rio Paraguaçu, o maior do estado, com cerca de 600 km de curso. Essa é uma localidade desconhecida para muitos baianos e turistas, sobretudo por não haver embarcações que realizem itinerários periódicos, como era feito anteriormente.
E como falar do rio sem falar dos saveiros? Vimos poucos dos milhares que já navegaram e fizeram girar a vida econômica e cultural da Bahia. Durante a regata, alguns saíram da Ribeira e seguiram participando da regata, em uma brava resistência à escassez de sua própria frota.
A nossa primeira Aratu-Maragojipe foi a bordo de um pequeno barco de alumínio, sob sol quente e muita água salgada no rosto. Já se vão 15 anos. Pouco - diante de tantas edições - mas que ainda segue se divertindo e emocionando com uma regata que ultrapassa o caráter competitivo e consegue mobilizar a comunidade náutica em suas mais diversas categorias durante um dia inteiro. Sim, um dia inteiro. A regata tem sua primeira largada às 10h e os barcos têm até às 18h para concluir o percurso. Este ano o Fita-Azul (primeira embarcação a cruzar a linha de chegada) foi o catamarã Maguni, que concluiu a prova em pouco menos de 3h. Destaque também para o tradicional catamarã baiano Odara, que venceu na Aratu-Maragojipe, o Campeonato Brasileiro de Mocra e a participação do velejador Leonardo Chicourel, que concluiu a regata transatlântica Jacques Vabre.
Ao todo, foram mais de 120 inscritos na competição, sem contar com as centenas de embarcações que acompanham a regata. No desembarque, jantar e premiação para os participantes, que seguem noite adentro para a Festa de São Bartolomeu, padroeiro de Maragojipe. Neste aspecto, uma lacuna de uma cidade que tem muito mais a oferecer e que pode se tornar um destino mais convidativo.
Se você é veterano na Aratu-Maragojipe, continue indo porque certamente nenhuma edição será igual à outra. Os barcos mudam, as paisagens mudam e os ventos, sobretudo, também. Se você ainda não foi, terá no ano que vem a chance de participar das bodas de ouro da regata, viver emoções únicas e finalmente ter a sua história para contar. Quem quiser conferir os resultados finais e fotos oficiais da competição pode clicar aqui.
Vale a pena
O dia posterior à regata é um convite para um day free com muitas possibilidades. Você pode voltar velejando sem a pressa da competição e ir parando em diversos destinos, seja por mar ou por terra, como Cachoeira, Santo Amaro, Iguape, Barra do Paraguaçu, Salamina, Ilha dos Frades, Ilha do Medo, Salinas, Ilha de Maré e toda a costa de Itaparica. Aproveite cada minuto. Vale, e muito, a pena. :)
Fotos: Mar Bahia
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