Se um barco já é especial por si só, imagina o primeiro. Ou ainda mais: construído por você e que deu nada menos do que três voltas ao mundo. Este é o veleiro Três Marias, do navegador Aleixo Belov, e que esta semana foi içado para outros "mares": dentro do Museu do Mar que Aleixo está construindo em Salvador.
A primeira viagem do Três Marias foi em 16 de março de 1980. O barco, um Bruce Robert de 36 pés e oito toneladas, foi construído do zero pelo próprio Aleixo. "Comprei a fibra de vidro e a resina faturada para pagar em três meses, pois não tinha um tostão no bolso. Mas, o casco tinha que sair de qualquer jeito. Daí em diante a coisa não parou mais. Dois anos e nove meses depois, o barco foi para a água", relata Aleixo em seu primeiro livro, "A Volta ao Mundo em Solitário".
"Medo? Ninguém pode dizer que não tem medo do mar; no entanto, a atracão que o mar exerce é maior do que qualquer outro sentimento. A unica religião de Aleixo Belov é o mar" (A Volta ao Mundo em Solitário)
A publicação é um prato cheio para quem quer inspiração para começar a realizar o seu sonho. Pelo feito, Aleixo recebeu o diploma da Marinha do Brasil, o reconhecendo como o primeiro navegador a dar uma volta ao mundo em solitário com veleiro de bandeira brasileira. Em 1986, o Três Marias singrou mais uma viagem pelo mundo durante 21 meses. A segunda aventura foi relatada em detalhes na trilogia "Em busca do Oriente", "Em busca das Raízes" e "A Caminho de Casa".
Passados 14 anos, o Três Marias partia para sua terceira e última Volta ao Mundo. "Na realidade essa terceira viagem foi decidida desde quando voltei da segunda. Mas pensar é uma coisa e sair mar afora é outra. Para que isso ocorra, você precisa juntar uma determinada quantidade de energia, um bocado de vontade, romper as amarras e partir", escreveu Aleixo no livro "3ª Volta ao Mundo do Veleiro Três Marias", lançado em 2003.
"Será que dar três voltas ao mundo seria pecado? Para mim, ficou claro que o nome "Três Marias" estava associado a um certo destino. O de dar três voltas ao mundo", concluiu.
Agora o barco precursor da saga de Aleixo pelos mares do mundo pousa em terra para navegar perante os olhos curiosos de quem visitará o seu museu em busca de conhecimento e inspiração. "Muitas coisas acumuladas ao longo destas cinco voltas ao mundo estarão à disposição do público, como obras de arte, cartas náuticas, permissões de entrada nos portos, búzios de todos os oceanos, ossadas e muitos documentos que podem ser úteis para quem se interessar por navegação. É só pesquisar que irão encontrar muito conteúdo", declarou Aleixo em entrevista ao Mar Bahia.
Depois do Três Marias, Aleixo construiu um novo barco com 70 pés, o Fraternidade, e deu mais duas voltas ao mundo - a mais recente concluída em 2018. Ambas levando tripulantes a bordo, com o objetivo de compartilhar conhecimento. As duas viagens renderam os livros " O Veleiro Escola Fraternidade na Antártica" e "Alaska, Muito Além do Horizonte".
"Cheguei a uma fase da minha vida em que a gente vê com clareza que ganhar dinheiro não é um objetivo e sim um meio. O melhor da vida, o amor, a amizade, o mar...são todas grátis. Larguei tudo e parti". (A Volta ao Mundo em Solitário)
Galeria de Fotos | Implantação do Três Maria no Museu do Mar Fotos: Eduardo Fernandes
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